Ao destacar os 30 anos da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que trouxe inúmeros avanços para a saúde pública no Brasil, Jairnilson Silva Paim, doutor em Saúde Coletiva, que esteve presente do I Seminário de Atenção Primária à Saúde de Ilhéus afirmou que “o SUS é mais do que uma política púbica de saúde”. Paim falou para um público de pelo menos 800 pessoas, dentre elas, estudantes, profissionais e articuladores dos setores da saúde. Ele é médico e pertence ao corpo docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

O primeiro seminário que tratou deste objetivo foi realizado na segunda-feira (5), no Centro de Convenções, e organizada pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Além do professor Jairnilson, o evento contou com a palestrante doutora Cristina Setenta Andrade, da UESC/UESB. A democracia e as estratégias indispensáveis para enfrentar os desafios da saúde pública no município de Ilhéus, além de evidências científicas sobre o impacto da atenção primária à saúde na redução das desigualdades e a melhoria dos indicadores de saúde na Bahia, no Brasil e no mundo foram destaques no encontro.

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Paim afirmou que esses avanços revelam o potencial do SUS e sua própria natureza. Na sua visão, é preciso compreendê-lo como algo muito além de uma política de saúde pública. “O SUS é um sistema público, não um ‘sistema de saúde pública. A integralidade da atenção supõe a articulação de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde”. Segundo Jairnilson, os ataques a que o sistema vem sendo submetido parte justamente dessa lógica de o reduzir a uma política. Por isso defende que se tenha clareza nesse conceito.

Momento difícil – Na entrevista concedida à nossa equipe, o médico avaliou que o SUS não saiu estritamente de governantes, partidos políticos e nem dos organismos internacionais. “O SUS nasceu nas periferias, zonas rurais, da organização popular, dos profissionais de saúde e dos pesquisadores. Estamos vivendo um momento difícil para a democracia no País. Há uma preocupação em trazer essa conquista de forma mais clara e isso se faz com atenção básica e primária”, frisou.

Doutor Paim observou, por exemplo, como essa epidemia de sarampo “é um dos preços pagos pela desestruturação do SUS”. Para ele, o argumento de que as pessoas buscam menos as vacinas porque se baseiam em notícias falsas, as chamadas ‘Fake News’ de redes sociais insuflado por movimentos como o antivacínico não serve para explicar o fenômeno em toda a população. “Será que situações desse tipo, observadas na classe média, podem ser generalizadas para o conjunto da população?”, questionou.

No entanto, finalizou Paim, “felizmente, o SUS dispõe de uma rede de instituições de ensino e pesquisa que interage com os serviços de saúde, possibilitando que um conjunto de pessoas adquiram conhecimentos, habilidades e valores vinculados aos seus princípios e diretrizes”, destacou.

Jairnilson Silva Paim é graduado em Medicina, mestre em Medicina e Saúde e doutor em Saúde Coletiva pela UFBA. É professor de Política de Saúde do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e coordenador do Observatório de Análise Política em Saúde. Entre suas principais publicações estão Reforma Sanitária Brasileira: contribuição para compreensão e crítica (Salvador: Edufba/Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008), O que é o SUS (Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2009), Desafios da Saúde Coletiva no Século XXI (Salvador: Edufba, 2006).

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