A construção da nova sede do novo Fórum de Ilhéus, que está em andamento na Avenida Tancredo Neves, no bairro Jardim Atlântico, está no meio de um debate, em virtude de uma proposta apresentada na Câmara de Vereadores. A mobilização ganhou força após a manifestação pública de Paloma Berbert, representante da família do jurista Epaminondas Berbert de Castro. Em publicação nas redes sociais, ela se posicionou com relação ao requerimento que propõe rebatizar o novo prédio.
Paloma destacou que a competência para tal mudança é do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), e não da Câmara de Vereadores, devido à independência dos Poderes, conforme previsto na Constituição. Ela chamou atenção para o valor simbólico da homenagem: “A memória de um povo se constrói com respeito ao seu passado. Alterar o nome do Fórum é, simbolicamente, apagar parte de uma história que pertence à cidade, à Justiça e à sociedade ilheense.” A publicação repercutiu rapidamente. Cidadãos, advogados, professores, historiadores e lideranças da cidade se uniram à causa, reconhecendo que a discussão vai além de um nome: trata-se de preservar o legado de Epaminondas Berbert de Castro, cuja trajetória se une à história de Ilhéus.
Nas redes sociais, diversos comentários defendem a permanência do nome, afirmando que a história do jurista é grandiosa demais para ser esquecida. De acordo com Paloma, há também quem sugira a criação de um abaixo-assinado, reforçando a mobilização popular em defesa da preservação do nome. Epaminondas Berbert de Castro foi o primeiro ilheense a ser juiz togado na comarca de Ilhéus e atuou como procurador-geral do Estado entre 1938 e 1944. Também foi professor de disciplinas como língua portuguesa, literatura nacional, geografia, filosofia e sociologia em instituições renomadas, jornalista, deputado estadual por três legislaturas, secretário da Fazenda e do Governo, conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia e membro da Academia de Letras da Bahia.
Um homem que dedicou sua vida ao direito, à política e à educação, e cujo nome no fórum é visto como uma justa homenagem a essa contribuição. A proposta de mudança, em trâmite, divide opiniões e expõe um dilema comum em cidades com identidade histórica forte: como reconhecer novas figuras públicas sem apagar os marcos que sustentam a memória coletiva. Em Ilhéus, ao que tudo indica, essa memória está longe de ser esquecida — e conta com a voz ativa de uma sociedade que se recusa a deixá-la desaparecer.