No 12 de junho, conheça a história do verdadeiro cupido de Ilhéus

Sumário

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Em meio à rotina noturna de bares e restaurantes de Ilhéus, é comum encontrar uma figura conhecida entre os clientes: Israel Conceição Silveira, 61 anos, vendedor de flores e símbolo de amor nas noites da cidade. Com um sorriso gentil e flores nas mãos, ele é testemunha de histórias que marcam a vida de seus clientes.

Neste dia 12 de junho, em que celebramos o Dia dos Namorados, a presença de Israel ganha destaque. Durante mais de cinco décadas de trabalho, ele acompanhou pedidos de namoro, reconciliações, homenagens discretas e até declarações públicas de amor. “São muitas histórias. Às vezes a gente não percebe, mas fazemos parte da vida das pessoas”, conta.

A relação com as flores vem da infância. Filho de Laurenço Silveira, pioneiro no ramo da floricultura em Ilhéus, Israel começou a trabalhar cedo. “Aos 9 anos eu já vendia vasos de cimento”, lembra. Ele e os irmãos ajudavam no negócio da família, o “Paraíso das Plantas e Flores”. Com o tempo, alugou pontos comerciais para expandir suas vendas.

Mais tarde, após um acidente durante o serviço militar que resultou em uma fratura craniana, ficou hospitalizado por quase seis meses no Hospital Geral do Estado, em Salvador, e perdeu os pontos comerciais que havia conquistado. “Por milagre de Deus sobrevivi”, relembra. Ao retornar para Ilhéus, conseguiu um contrato junto à Prefeitura para realizar o paisagismo da Central de Abastecimento Antônio Olímpio da Silva — trabalho que garantiu o recomeço, a construção da sua primeira casa e também o casamento.

Cerca de um ano depois, recebeu permissão para utilizar uma área verde no Aeroporto de Ilhéus, onde instalou um novo ponto de atendimento. A iniciativa, no entanto, foi interrompida por questões contratuais. Diante de tantas reviravoltas, a venda de flores à noite surgiu como uma alternativa viável e se tornou, com o tempo, sua principal atividade.

Israel então passou a caminhar pelas ruas com suas rosas, depois adotou a bicicleta e, mais tarde, uma motocicleta, que ampliou seu alcance. Hoje, percorre a cidade frequentando locais onde há fluxo de pessoas e permissão para entrada. “Restaurantes, botecos, churrascarias, hamburguerias, trailers, eventos… todos os lugares onde sou bem-vindo e há demanda, eu vou”, explica.

Trabalha todos os dias, inclusive aos domingos e feriados, exceto em datas comemorativas em família ou nos dias de culto na igreja que frequenta. A rotina exige resistência, mas é sustentada por algo maior: o contato humano. “A reação mais comum das pessoas quando me aproximo é de alegria. E isso me motiva”, diz.

Israel acredita que as flores falam por si. Para ele, são símbolo de amor, amizade, perdão e saudade. Em uma de suas lembranças mais marcantes, um casal o abordou para agradecer por fazer parte da trajetória dos dois. “Eles estão juntos há 39 anos e me disseram que eu estava presente desde o namoro. Essas histórias me mostram que vale a pena.”

Se pudesse oferecer uma flor a alguém especial, ele escolhe sua esposa. “Ela é minha ajudadora, a mulher que amo.”

No Dia dos Namorados, Israel segue pelas ruas como um mensageiro do amor. Não há marketing, vitrines ou redes sociais que superem o impacto de um gesto simples, como o de uma rosa entregue com carinho.

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