Falar sobre saúde mental é cada vez mais necessário, e diante do recente crime que vitimou três mulheres em Ilhéus, o assunto ganhou ainda mais urgência. A psicóloga Ísis Sodré explica que o impacto emocional foi sentido de maneira geral pela população, principalmente pelas mulheres.
Ela lembra que o episódio ocorre justamente em agosto, mês em que acontece a campanha Agosto Lilás, voltada ao combate da violência contra a mulher. Para Ísis, esse contexto reforça a importância de falar sobre o tema. “Quem antes se sentia livre para ir e vir, hoje se sente ameaçado. Ouvi vários relatos de mulheres ao meu redor que, após o ocorrido, têm evitado sair de casa sozinhas.”
A psicóloga destaca que é natural redobrar os cuidados em situações de insegurança, mas alerta para os riscos de deixar o medo dominar o cotidiano. “O medo constante pode desencadear episódios de ansiedade ou intensificar esse sentimento em quem já convive com a ansiedade de forma patológica.”
Manter uma rotina equilibrada, conversar sobre os sentimentos com pessoas de confiança, limitar o consumo de notícias alarmistas e investir em momentos de lazer e bem-estar são medidas que ajudam a reduzir os impactos emocionais. O medo é uma reação natural, mas não pode ser o único filtro pelo qual enxergamos o mundo. Criar espaços de apoio e de acolhimento é essencial para preservar a saúde mental.
Segundo Isis, é preciso observar os sinais de alerta. “Se o medo tem te paralisado, te impedido de sair de casa, de encontrar pessoas, de cumprir compromissos, é hora de buscar ajuda profissional. O medo passa a ser patológico quando interfere nas atividades de rotina.”
Ísis também chama atenção para a rede de apoio e os canais de denúncia disponíveis. “Se estiver em uma situação em que se sinta ameaçada, peça ajuda a alguém próximo, procure as autoridades ou ligue 180. Se houver perigo real, utilize o símbolo universal de socorro usado pelas mulheres. Pensar que não estamos sós também é uma forma de se ajudar. Diga não à violência”, conclui.