O ex-ministro Geddel Vieira Lima e o irmão dele, o deputado federal Lúcio Vieira Lima, permaneceram em silêncio nesta quarta-feira (31) durante o depoimento na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Os dois, que são réus em uma ação penal na corte, seriam ouvidos no caso dos R$ 51 milhões encontrados em um apartamento no bairro da Graça, em Salvador.

No início da audiência de instrução, Geddel apenas disse que estratégia do silêncio foi usada seguindo recomendação dos advogados de defesa. A mesma justificativa foi dada por Lúcio. 

Os dois depoimentos colocariam fim à fase de instrução processual se não fosse por um detalhe: a mãe dos dois, Marluce Vieira Lima, que também é ré no STF, faltou à audiência realizada nesta terça (30), em Salvador. O advogado da família, Gamil Föppel, que compareceu ao ato, disse que a cliente estava doente, apresentado atestado e requisições médicas.

Durante as audiências desta quarta, o Ministério Público também tentou fazer perguntas aos irmãos, que, mais uma vez, se recusaram a responder. Todo o procedimento teve duração de 10 minutos. Ao final, Geddel saiu do STF escoltado e retornou ao Complexo Penitenciário da Papuda, onde está preso desde setembro de 2017.

Estratégia
O procurador da República, responsável pela acusação, Hebert Reis Mesquita, confirmou as especulações da imprensa sobre a tentativa da defesa dos Vieira Lima de atrasar a fase de instrução e o consequente encerramento e julgamento da ação no STF.

O caso tramita no Supremo graças à regra do foro privilegiado dada pela condição de deputado Lúcio, que não foi reeleito para novo mandato a partir de 2019, o que faria o processo descer para a primeira instância da Justiça.

Os advogados da família já haviam pedido ao relator do caso, ministro Edson Fachin, que os depoimentos fossem adiados, mas a requisição foi negada em decisão expedida na última segunda (29). No entanto, nessa terça, durante audiência na sede da Justiça Federal em Salvador, Gamil Föppel voltou a pedir o adiamento das oitivas.

Segundo ele, não era possível o interrogatório dos clientes sem que a Polícia Federal desse um retorno sobre uma perícia, feita pela própria defesa, na tentativa de contrariar o procedimento realizado na fase de inquérito, quando foram encontradas digitais de Geddel e outros réus nas malas que guardavam os R$ 51 milhões.

No entanto, Fachin argumentou na decisão que a própria perícia poderia ser anexada ao processo até as alegações finais, próxima e última fase do processo antes do julgamento. Com a negativa, ainda resta pendente a oitiva de Marluce Vieira Lima, uma vez que já foram ouvidos os demais réus, incluindo o ex-assessor de Lúcio, Job Ribeiro Brandão, e o empresário sócio da Cosbat, Luiz Fernando Machado da Costa Filho.

*Com supervisão do editor João Galdea.

Fonte: O Correio

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