Manoel Santana chegou ao bairro Hernani Sá, zona sul de Ilhéus, quando as primeiras casas começaram a ser erguidas, há cerca de 30 anos. O serralheiro de mão cheia foi atraído pela oportunidade de fazer bons negócios com a produção de portões e grades de ferro, por causa da proximidade do bairro com uma importante área turística do litoral. Joselito Costa mora em outro bairro próximo, o Pontal. É diretor artístico de um grupo afro, Zimbabwê, que reúne 52 jovens e adolescentes e promove ações sociais. Raimundo Souza chegou recentemente de Porto Seguro para viver em Ilhéus e está investindo em um ateliê próprio para produção de esculturas de cimento em alto relevo.
Os empreendedores da zona sul do município aderiram ao projeto da Associação dos Moradores do Bairro Hernani Sá, que pretende agregar valor aos mais diversos segmentos produtivos do bairro e adjacências, criando uma feira na qual a comunidade local poderá expor seus produtos, atraindo visitantes e moradores de outras regiões da cidade. O assunto foi discutido em um encontro nessa segunda-feira (30), em Ilhéus.
“Como resultado imediato da reunião, o Sebrae fará uma pesquisa situacional dos negócios criativos do Bairro, no período de 7 a 31 de outubro”, explica a consultora do Sebrae, Ana Paula Oliveira, que mediou o encontro. O grupo disposto a tocar o projeto é formado por artesãos, donos de barracas de bebidas e comidas, agentes culturais e de programas de sustentabilidade, que querem transformar a região em mais uma opção de lazer e bons negócios. “O Sebrae apoia a ideia com foco na profissionalização do grupo”, completa a consultora.
O encontro também serviu para o Sebrae ter uma noção do volume de produtos existentes para a concretização da feira de negócios no bairro. “Hoje, a comunidade vende a produção nas ruas. Mas, o negócio pode ser expandido para uma rede, com as mais variadas opções, gerando uma marca própria do talento da comunidade e ampliando o leque de clientes que podem vir atraídos pela feira”, projeta Odailson Aranha, presidente da associação.
O serralheiro Manoel Santana, que trabalha na varanda da própria casa, sonha com a chance de ver a sua produção exposta para toda a cidade. “Ao longo dos anos, o negócio foi diminuindo e hoje tenho até que me virar como pescador em alguns períodos do ano para manter a família”, relata. “Minha vontade é continuar produzindo portões e grades de ferro e sair da informalidade”, garante.
O Zimbabwê enxerga na organização da feira a oportunidade de aumentar seu leque de apresentações musicais e de danças afro, mantendo o grupo em atividade por mais tempo no ano. “Hoje, somos muito dependentes de convites esporádicos”, revela. Raimundo de Souza não vê a hora de mostrar as formas e variedades do seu talento com a massa do cimento. “O primeiro passo para consolidação do projeto é sair da informalidade”, assegura Cláudia Iglesias, gestora do Ponto de Atendimento do Sebrae em Ilhéus. Ela também participou do encontro apresentando aos futuros empreendedores os caminhos para a formalização e o leque de produtos que a instituição pode oferecer para auxiliar e qualificar os novos microempreendedores individuais da cidade.
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