Setembro chegou e agosto ficou para trás, mas suas marcas permanecem. O mês, conhecido como Agosto Lilás, dedicado ao enfrentamento à violência contra a mulher, foi marcado por números preocupantes. Até o dia 21 de agosto, a Polícia Civil registrou 63 casos de feminicídios na Bahia.
De acordo com dados fornecidos pela Secretária da Segurança Púbica da Bahia, em 2025 já foram registradas mais de 32 mil ocorrências de ameaça, o número de estupros chega próximo de 3 mil, e aproximadamente 14 mil registros de lesão corporal.
Em Ilhéus, a Secretaria de Políticas para as Mulheres tem buscado fortalecer a rede de proteção. Para Wanessa Gedeon, a Lei Maria da Penha continua sendo um marco decisivo nesse processo. “No mês de agosto, celebramos o aniversário da Lei Maria da Penha, que trouxe o conceito do que é violência doméstica e definiu os cinco tipos de violência contra a mulher. Essa lei é fundamental para entendermos como esse crime grave vem destruindo famílias em nosso município”, destacou.
Segundo ela, a procura pelos serviços da secretaria tem crescido de forma significativa. O CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher) realiza acolhimento com psicólogas, assistentes sociais e assessoria jurídica, além de investir na autonomia feminina por meio de parcerias com universidades e empresas para capacitação e empregabilidade.
Um dos maiores avanços recentes foi a implantação da Ronda Maria da Penha em Ilhéus, em parceria com a Polícia Militar. A iniciativa atua diretamente no acompanhamento de mulheres que já possuem medidas protetivas. “Nós fazemos o acolhimento, o acompanhamento psicológico, a assessoria jurídica e o atendimento com assistente social. Mas quando essas mulheres já têm medidas protetivas e, de alguma forma, estão se sentindo ameaçadas, aí entra o trabalho da Ronda, para que possam voltar a se sentir livres novamente na sociedade e sem medo, livres de violência”, explica Wanessa.
A presença da Ronda dentro da secretaria fortaleceu a confiança no serviço e trouxe avanços no enfrentamento da violência doméstica. “A Ronda hoje está diretamente ligada à secretaria. Eles estão lá quase todos os dias. Essa aproximação e parceria têm trazido um avanço muito grande”, acrescenta.
Apesar dos esforços, o mês de agosto deixou marcas profundas em Ilhéus e em outras cidades baianas. Os casos de feminicídio chocam a sociedade e reforçam a urgência de ações contínuas. “É fundamental que as mulheres se sintam acolhidas e seguras, e que a sociedade compreenda que o combate à violência doméstica não pode ficar restrito a um mês de conscientização. É uma luta diária”, concluiu Vanessa Gedeon.
O mês de agosto, embora simbólico, lembra que a prevenção à violência contra a mulher precisa ser uma prioridade constante. Denunciar agressões é um passo essencial para proteger vidas e fortalecer a rede de proteção. Mulheres em situação de risco podem buscar apoio junto à Ronda Maria da Penha, ao CRAM ou pelos canais oficiais de denúncia, garantindo segurança e acolhimento.