Por Ana Melo (*)
A escola é, antes de tudo, um espaço de construção de sentidos e de memórias. Cada gesto, cada palavra e cada experiência vividos nesse ambiente deixam marcas profundas no modo como o sujeito se reconhece e se relaciona com o mundo. Como afirma Vygotsky (2000), “é por meio das interações sociais que o indivíduo se desenvolve e se constitui como ser humano”.
Quando a escola compreende o estudante em sua totalidade e acolhe suas subjetividades, ela se torna um espaço de pertencimento, onde o aprender e o conviver se fundem em uma mesma experiência. Wallon (2007) já defendia que as emoções são estruturantes do desenvolvimento, e que não há aprendizado sem vínculo afetivo.
No entanto, uma escola que não escuta, que não olha com sensibilidade, pode gerar memórias de dor e exclusão. Nesses contextos, o processo educativo se fragiliza, e o estudante passa a associar a escola não ao crescimento, mas à insegurança. Por isso, é essencial buscar uma prática pedagógica que reconheça as singularidades, promova soluções individualizadas e reforce o valor de cada percurso.
Ser uma escola de escuta sensível e olhar atento é compreender que educar é também cuidar — e que as memórias mais duradouras são aquelas tecidas na presença e no afeto.
E nós somos fundamentalmente assim. Claro que com erros e acertos. A velocidade que a contemporaneidade nos impõe, às vezes nos embota a percepção. Mas o nosso propósito é ser a escola das melhores lembranças.
(*) A autora Ana Melo é educadora e diretora do Colégio Vitória, em Ilhéus.