A reinauguração do Teatro marcou as comemorações pelos 482 anos de fundação da cidade, no dia 28 de junho

As paredes internas do Teatro Municipal de Ilhéus voltaram a ecoar nesta terça-feira, dia 28 de junho, data do aniversário de 482 anos de fundação da cidade. O equipamento, que virou ícone da arte e cultura locais, foi fechado há pouco mais de dois anos por não oferecer segurança aos usuários, com problemas constatados nas áreas estruturais e técnicas. Construído entre 1929 e 1932, o Teatro foi reconstruído entre 1984 e 1986, com 450 lugares, e agora foi alvo de obra de total requalificação.

O trabalho realizado modernizou o teatro ilheense, com melhorias em todo o seu conjunto, desde a estrutura de metal no teto, o forro, o telhado, dos condicionadores de ar, até a substituição dos sistemas de iluminação e som, das poltronas da plateia, o carpete. Além de nova pintura, a casa de espetáculos ganhou conceitos de acessibilidade: dentre as novas poltronas, há cinco para pessoas com obesidade, cinco removíveis para cadeirantes – cujo acesso deve ser feito pela porta lateral, banheiro no palco e acima da plateia exclusivo para portadores de necessidades especiais.

A reinauguração do Teatro marcou as comemorações pelos 482 anos de fundação da cidade, no dia 28 de junho. O prefeito Jabes Ribeiro e o vice-prefeito Carlos Machado participaram do ato ao lado do vice-governador da Bahia, João Leão, do presidente da Câmara Municipal, Tarcísio Paixão, da primeira dama Adryana Ribeiro, do secretário de Cultura Paulo Atto, dos deputados federais Mário Negromonte Júnior, Cacá Leão, Roberto Brito e Davidson Magalhães, o deputado estadual Eduardo Salles, o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Humberto Santa Cruz, da reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Adélia Pinheiro, do bispo diocesano Dom Mauro Montagnolli, da desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho, Nélia Neves, demais vereadores e autoridades locais, secretários municipais, servidores públicos, artistas, lideranças comunitárias e populares.

Uma orquestra de berimbaus, comandada pelo Mestre Gordo, recepcionou a todos que foram ao ato de reabertura do Teatro ao som da música “Interior Ilhéus”, composta pelo saudoso músico Reizinho. Uma placa foi descerrada, um pequeno documentário sobre o teatro foi exibido e realizada a solenidade de outorga da Medalha da Comenda do Mérito da Ordem de São Jorge dos Ilhéus, a mais alta honraria do Município, a 16 personalidades.

Segurança e tecnologia – Para o secretário municipal de Cultura, Paulo Atto, há três aspectos a serem observados nessa requalificação do Teatro. “Primeiro, as questões de segurança, pois hoje, o espaço pode ser usado sem apresentar riscos. O conforto para quem usa o espaço, com poltronas novas, banheiros reformados e acessibilidade. Por último, sem dúvidas, um grande avanço está nos novos sistemas de som, que não existia antes, e de iluminação, que vai garantir recursos cênicos mais robustos, principalmente para grandes espetáculos”.

Durante a solenidade, o prefeito Jabes Ribeiro classificou a devolução do espaço à comunidade como “um compromisso com a cultura, um compromisso que se renova pela segunda vez, exatamente trinta anos depois de termos reconstruído o teatro das ruínas e o reaberto, em 1986”. Na oportunidade, agradeceu à contribuição do deputado federal Mário Negromonte Júnior, que permitiu a realização da obra através de recursos de emenda parlamentar, com o apoio dos Ministérios do Turismo e da Cultura.
Ribeiro destacou que em 1984, em seu primeiro mandato, a reconstrução do Teatro foi executada com recursos próprios do tesouro municipal, época em que a arrecadação do município permitia esse tipo de investimento. “Hoje, a reforma teve que ser feita com o apoio de verba de emenda parlamentar, porque a situação dos municípios, de modo geral, é de extrema dificuldade no contexto da realidade tributária”, disse.

História – Diante da plateia cheia, o professor e escritor Josevandro Nascimento, presidente da Academia de Letras de Ilhéus, recitou texto de sua autoria apresentado pela primeira vez por ocasião da inauguração em 1986, após a reconstrução a partir de ruínas. Usando figura de linguagem, em tom de prece, Nascimento evocou: “Senhor, Dai vozes a estas paredes mudas, elas querem falar. Elas querem vos dizer de coisas perdidas na memória, de fatos que passaram, de gente que se foi, de eternidade. Elas querem reverenciar os homens que aqui nasceram, e os outros, os que vieram de longe. Elas querem vos dizer que Ilhéus está escrevendo seu nome na história não com sangue – como os povos conquistadores – mas com luzes – como os povos civilizados”, sendo bastante aplaudido após a apresentação.

Imponente, o Teatro Municipal de Ilhéus se tornou, ao longo das últimas décadas, símbolo do patrimônio arquitetônico e cultural da região. Na primeira metade do século XX, a partir de 1932, o Cine Theatro simbolizou o apogeu da cultura na Bahia. Companhias teatrais do Brasil e do exterior se apresentaram naquela casa. Com o passar do tempo, o imponente Theatro transformou-se em ruínas. No início dos anos 80, um movimento de artistas locais começou a campanha pela reconstrução do Teatro Municipal. Finalmente, em 1983, o então prefeito Jabes Ribeiro, recém-empossado, anunciou a reconstrução da casa de espetáculos, após a doação do prédio ao Município pela família Rhem da Silva.

A inauguração aconteceu no dia 28 de junho de 1986, com a presença do então governador Waldir Pires. O Teatro Municipal de Ilhéus virou notícia na Bahia e no Brasil, considerado a melhor casa de espetáculos do interior do Nordeste. Espetáculos com artistas de renome nacional começaram a incluir o Teatro de Ilhéus em suas turnês: Zezé Mota, Ivone Lara, Edson Cordeiro, Eva Vilma e Carlos Zara, Vera Fischer, Chico Anísio, Elza Soares, Ana Botafogo, Bemvindo Siqueira, Maria Creuza, Elizabeth Savala e Cecil Thiré, Lília Cabral, entre outros. O Teatro voltou também a ser a casa dos artistas da terra, que passaram a apresentar produções teatrais, de dança e música. O projeto musical Seis e Meia é uma marca desse período. Por outro lado, a reconstrução da Casa proporcionou outros espaços para a arte, como a Galeria do Teatro, local de exposições, lançamentos de livros e outros eventos, e o Largo Cultural Pedro Mattos, na área externa, com mostras de capoeira, arte popular e eventos diversos.

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