Médicos obstetras que atuam no Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, anunciaram a possibilidade de suspender os atendimentos a partir do próximo dia 10 de julho. A decisão levanta um sinal de alerta para a população regional, que depende da unidade para cuidados especializados em saúde materna e neonatal.
O movimento não configura greve, já que os profissionais não são contratados pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas sim como prestadores de serviço via a Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS), responsável pela administração do hospital. Caso a paralisação se concretize, ocorrerá por meio do descredenciamento das empresas ou médicos responsáveis pelos serviços de obstetrícia.
Em documento enviado à direção da unidade, os obstetras denunciam uma série de problemas que comprometem o atendimento e a segurança de gestantes e recém-nascidos. Entre as principais reivindicações estão:
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Sobrecarga de trabalho: Com a escassez de profissionais, principalmente nas áreas de enfermaria e pré-natal de alto risco, os médicos relatam jornadas excessivas e incompatíveis com a remuneração oferecida.
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Falta de insumos essenciais: Há relatos de escassez de itens básicos como lençóis, medicamentos e até equipamentos como vacuoextrator — fundamental para certos tipos de parto.
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Superlotação constante: A demanda na unidade supera a capacidade instalada, elevando os riscos para pacientes e aumentando a pressão sobre as equipes.
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Ausência de neonatologistas nas salas de parto: Em casos de emergência neonatal, o atendimento estaria sendo feito por profissionais sem a especialização exigida, o que representa risco à vida dos recém-nascidos.
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Mudança no prazo de pagamento: O novo edital prevê o repasse dos honorários médicos em até 60 dias — o dobro do prazo anterior, o que também tem sido motivo de insatisfação.
Além disso, os médicos denunciam a falta de diálogo com a direção da unidade e com a própria FESF-SUS, o que estaria dificultando qualquer tentativa de negociação.
Se não houver avanço nas tratativas, a suspensão dos serviços deve impactar diretamente o número de partos realizados na unidade, prejudicando não apenas a população de Ilhéus, mas também gestantes de diversos municípios do sul da Bahia.
Até o momento, nem a Fundação Estatal Saúde da Família nem a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia se pronunciaram oficialmente sobre o caso.