A participação da China nas exportações baianas nunca foi tão alta. Em 2018, os chineses compraram 32,4% de tudo que foi exportado pela Bahia, quase um terço dos produtos embarcados para fora do país. Até o ano passado, o envio de mercadorias para a China representava 26,6% do volume negociado. Os dados são da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
O crescimento foi impulsionado, principalmente, pelas commodities agrícolas, como a soja, que alcançou volume recorde de embarques este ano. Os grãos representaram cerca de 50,2% de tudo que foi exportado para o país asiático. Também estão na lista de grandes compras dos chineses outros produtos básicos, como algodão e produtos manufaturados como os termoplásticos.
A variação cambial e a guerra comercial entre China e Estados Unidos, estão entre os fatores que beneficiaram a balança comercial baiana.
“A China é o principal parceiro comercial da Bahia. E esta disputa entre os chineses e os Estados Unidos está nos beneficiando. Eles têm comprado cada vez mais soja do Brasil. No médio prazo, entretanto, o acirramento da crise pode afetar a demanda chinesa e os preços de commodities, com deterioração das condições de comércio internacional”, pontua Arthur Souza, coordenador de Comércio Exterior da SEI.
Até agora, entre janeiro e novembro, os negócios com os chineses renderam às exportações baianas US$ 2,53 bilhões. É quase 50% a mais do que no ano passado, quando foram negociados US$ 1,27 bilhões. Os Estados Unidos continuam sendo o segundo maior comprador dos produtos baianos, representando uma fatia de 11,3% das nossas exportações.
Crescimento
De acordo com a SEI, a expectativa é de que exportações da Bahia fechem o ano em torno de US$ 8,6 bilhões de dólares, com crescimento de 6% comparado a 2017. No balanço parcial, entre janeiro e novembro, os números estão bem próximos disso. Neste período, a Bahia já faturou com exportações mais de US$ 7,83 bilhões. O montante é 5,6% maior do que no mesmo período do ano passado.
“O crescimento é puxado pela venda de produtos básicos, que cresceu 12%, na comparação com o ano anterior. O aumento decorre tanto do aumento na produção de produtos agrícolas, como da alta do preço de commodities no mercado internacional. No caso da soja, que registrou volume recorde de embarques, o aumento das exportações foi de 23,2% no ano”, explica Arthur Souza.
Os outros setores que mais avançaram foram celulose (16,2%), Metalúrgicos (20%) e Petróleo e Derivados (10%).
“Com preços médios 8,5% acima dos praticados no ano passado, e queda de 2,6% no volume embarcado, tudo Indica que o crescimento das exportações esperado para 2018 se dará mais pelos preços do que por volume exportado. Isso não é de todo ruim, mas mostra que continuamos com o problema de sempre: exportando recursos com pouco valor agregado e sem integração de cadeias produtivas”, continha Souza.
As importações também registraram alta, cresceram 8,6% e alcançaram US$ 7,11 bilhões de dólares. “É bom registrar que o crescimento das importações, este ano, ocorre sobre uma base bastante deprimida, e as importações ainda estão longe de recuperar o tombo registrado nos dois anos de recessão, reflexo ainda da baixa atividade econômica”, conclui Souza.
Confiança em alta
Além do dados sobre as exportações, a SEI também divulgou seu índice de confiança na economia medida entre os empresários, o Indicador de Confiança do Empresariado Baiano (ICEB). Segundo o índice, a agropecuária lidera entre os setores considerados mais confiáveis pelos empreendedores da Bahia.
“Além de melhorar a pontuação, este é o sétimo mês seguido em que os empresários se mostram otimistas com a agropecuária. As boas safras e o clima têm sido bastante favoráveis. Isso gera confiança e expectativa positiva”, explica Luiz Lobo, especialista em Produção de Informações Econômicas, Sociais e Geoambientais da SEI.
O indicador é medido com uma escala que pode variar de – 1000 até + 1000. Acima de zero, significa otimismo. Abaixo de zero, pessimismo. Se ficar exatamente no meio, ou seja, em zero, representa indiferença.
“Certamente, um fato relevante, de repercussão positiva, diz respeito ao fim do período eleitoral. Após as eleições não há mais incerteza eleitoral. Com o fim do suspense e das indefinições do momento pré-eleitoral, os resultados surgidos das urnas passam a ser incorporados nas expectativas empresariais. Há, assim, uma implicação positiva sobre a confiança empresarial que pode perdurar alguns meses. No entanto, acredito, há um teto para esse efeito positivo inicial, que dependerá das ações concretas dos governantes eleitos após a posse – ou seja, a continuidade da recuperação da confiança dependerá da aceitação e eficácia das ações e medidas empreendidas pelo novo governo”, analisa Lobo.
Em novembro, a Agropecuária avançou 189 pontos no índice de confiança em relação a outubro, bem acima dos outros setores incluídos na pesquisa. A Indústria registrou um avanço de 124 pontos, os Serviços subiram 28 pontos e o Comércio obteve alta de 112 pontos. A Indústria teve o segundo maior progresso do indicador, enquanto o Comércio foi o menos otimista.
Nas pesquisas anteriores, quando perguntados sobre os quatro setores juntos, os entrevistados reagiram negativamente. Mas em novembro, já responderam com mais otimismo, e o índice geral saiu da posição negativa para o marco zero. Foi a primeira vez, em 26 meses, que as expectativas deixaram a chamada Zona de Pessimismo Moderado.
Os empresários também responderam perguntas sobre inflação, vendas e capacidade produtiva. Nestes casos, a confiança geral atingiu o melhor nível desde 2013.
“Eles estão com expectativa sobre o câmbio, em segundo lugar vem as vendas, depois inflação e exportação. O Índice de confiança funciona como um fluido de lubrificação das engrenagens. Se tem confiança, tem mais perspectiva de investimento e de contratações. Isto facilita a tomada de decisão, dá ânimo e favorece as ações do empresariado. Mas nós não podemos deixar de reconhecer que a economia apresenta uma falta de dinamismo que ainda funciona como espécie de âncora, impedindo a obtenção de um índice de confiança mais contundente”, acrescenta Lobo.
Brasil
O Brasil exportou 5,3% a mais de produtos agrícolas nos últimos 12 meses, e ultrapassou a marca dos US$ 100 bilhões. O montante é 5,2% maior do que o obtido no mesmo período do ano passado. Esta é a maior marca registrada pelos produtos Agro desde dezembro de 2012, quando o Brasil exportou US$ 100,7 bilhões em produtos do agronegócio. É um bom desempenho apesar da participação do setor nas exportações totais do Brasil ter caído 1,9 pontos percentuais. Em 2017 o agro representava 44% do total exportado pelo Brasil, agora 42,1%.
“A superação da marca dos US$ 100 bilhões de exportações anuais do agronegócio brasileiro reflete tanto a boa gestão do Ministério da Agricultura como a excelência do nosso setor produtivo”, comemora o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Odilson Ribeiro e Silva.
Além do aumento na produção agrícola, outro fator essencial para este desempenho foi a abertura de mercado externo. Este ano, 30 novos mercados externos foram abertos para produtos brasileiros, principalmente na China e em países árabes.
Os produtos do setor agro foram essenciais para a manutenção de uma balança comercial positiva do Brasil. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, na segunda semana de dezembro, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 918 milhões de dólares. No ano, as exportações somam mais de US$ 230 bilhões de dólares e um saldo comercial positivo que ultrapassa os US$ 54 bilhões.
Recordes
Segundo o Ministério da Agricultura, o mês de novembro foi marcado por recordes nas exportações dos produtos agro. No mês passado as exportações do agro chegaram a aumentar 18,3% quando comparado com novembro de 2017. Foram negociados mais de US$ 8,37 bilhões de dólares.
No mesmo mês, as importações também cresceram 2,2%. Mas a balança comercial permaneceu positiva em 21,4%, mais de US$ 7,20 bilhões. Entre os produtos exportados, estão os grãos de soja, café, celulose, carne bovina in natura e algodão.
Apenas a comercialização da soja rendeu US$ 2 bilhões, um montante 147% maior do que em novembro de 2017. A elevação das exportações do grão foi provocada pelo aumento do volume produzido, 5,07 milhões de toneladas, cerca de 136,6% a mais do que na safra anterior.
Os recordes foram registrados também por outras commodities, como o café, que teve um aumento de 44,5% nas vendas, e a carne bovina in natura, que alcançou 130,57 toneladas comercializadas, num total de US$ 521,75 milhões.
O algodão não ficou para trás. As vendas da fibra somaram US$ 344 milhões, 36,6% a mais. Um outro destaque é a celulose, que também alcançou um valor recorde em exportações. Foram mais de US$ 649 milhões negociados, 17,6% a mais do que em novembro de 2017.
Fonte: Correio
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