Ilheense, atriz, formada em Ballet Clássico, Dança Moderna, Sapateado, integrou a Cia Européia de Ballet Clássico da Alemanha, formada em Direito e Artes Cênicas, cursou audiovisual, atuou em diversas peças, fez curtas metragens e série profissional, compartilha sobre sua carreira e trajetória profissional publicada no seu perfil pessoal do Facebook, com exclusividade aos leitores da Folha da Praia Online. Confira:
Por Thaís Almeida
Sobre a minha carreira que todo mundo pergunta. Então vamos lá. Esses dias me disseram ser uma pessoas de sorte por ter nascido em família de artistas. Oi? Não sei de onde tiraram isso mas eu NÃO venho de família de artistas. Minha mãe é médica, meu pai advogado e meus tios, em sua maioria, engenheiros. Eu fui a única “ovelha negra” da família. Hehehe Mas eu sou sim uma menina de extraordinária sorte por ter uma mãe mega sensível que decidiu me fazer NASCER na arte, quando aos 3 anos de idade, isso mesmo, TRÊS anos, me colocou para estudar dança com uma das artistas mais extraordinárias que eu já conheci: Dulce Drummond. Com ela, aos 4 anos de idade recém completados, eu já conhecia o friozinho na barriga que o terceiro sinal causa na coxia. E já virei a sensação do municipal da minha cidade ao ser a caçulinha a subir no palco. Eu nunca fui Thaís lá (até HOJE), sou Thaisinha.A pequenininha que (acho eu) cresceu. ????
Comecei ballet clássico, sapateado, dança moderna e contemporânea e enverguei para o teatro nos musicais. Pronto. O circo estava feito: O palco era a minha casa.
Na minha cidade de interior da Bahia, a maioria das pessoas chamava a arte contemporânea que Dulce fazia (e faz) de doideira. Mas minha mãe enxergava a arte em sua gênese (ô sorte!). E assim, eu fui crescendo nela, na arte nua e crua como deve ser feita.
Em meus personagens comecei fazendo o garfo da Bela e A Fera, incontáveis passarinhos, flores, árvores e fui conquistando o meu espaço. Eu já fui Pinóquio, já fui ratinho, já fui joaninha… De passarinho amarelinho da Branca de neve aos 4 aninhos, eu me tornei a verdadeira Branca de Neve aos 15. De comidinha de Quebra Nozes eu me tornei a própria Clara aos 14. De Totó do Mágico de Oz aos 8, eu me tornei a própria Doroty aos 16. E tantos outros personagens e coreografias e frios na barriga e horas de ensaio e MUITA mas MUITA disciplina.
Aos 16 eu já havia me formado em Ballet Clássico, Dança Moderna, Sapateado e já tinha bem uns 10 musicais nas costas e umas 4 peças no teatro da escola (sim, eu ainda fazia teatro na escola). Já tinha escrito umas 5 peças (nerd será?) e já estava pegando um avião rumo a Alemanha onde morei por um ano e fiz parte da Cia Européia de Ballet Clássico.
Aos 18 anos quando volto da Alemanha fui morar em Salvador onde curso Direito pq ‘essa menina tem que fazer alguma coisa garantida na vida’ e Artes Cênicas ao mesmo tempo. Me formei em ambas com mérito e estagiei em ambas também. Fiz várias peças. Era fiel à frase “não posso, tenho ensaio”. Tiveram muitos momentos difíceis a exemplo de Nelson Rodrigues que era MUITO desafiador pra mim na época, chegando a me questionar se seria capaz. E fui. E fui um monte começando de Celeste em Boca de Ouro, e me formando como Madame Clessi em Vestido de Noiva… ah Nelson! ❤️
Em Salvador eu passei num curso muito sensacional da Universidade Federal da Bahia em parceria com a Universidade Estadual da Bahia e conheci o audiovisual. Pronto. Paixão. Gravei séries, curtas, aprendi direção, um pouco de edição… conheci muita gente e fui crescendo por lá. Mas chegou minha hora de ir embora pro “centro artístico comercial do país” e eu vim, sozinha, morrendo de medo mas fingindo raça pra São Paulo fazer uma especialização. Eu achava que me olhariam torto por ser Nordestina e que seria difícil achar o meu lugar na maior metrópole do país, mas não.
Mais uma vez foi só ter a disciplina aprendida lá atrás que o resto veio. Eram só 4 meses. Até hoje estou aqui. Um ano de estudos intensos e os frutos começaram a aparecer. Não foi fácil não mas quando se tem resiliência se consegue sim!!! Fiz 2 peças por aqui, uma delas me rendeu a indicação de melhor atriz (whaaaaat? Me belisca!), foram sei la quantos curtas, fui contratada para fazer a minha primeira série profissional e fiz! Peça profissional também.
Conheci atores incríveis, premiados maravilhosos que têm muito o que ensinar e que me pegaram pela mão. Ô sorte. Pessoas que me deram oportunidades especialíssimas e que SEMPRE terão a minha gratidão e amizade. Mas não se enganem, é difícil… é difícil ignorar as cobranças de quem ta de fora. As pessoas não cansam de perguntar “Quando eu vou te ver na Globo?”, “mas pq ela escolheu isso, gente?”, “artista é tudo doido”, “é verdade que rola treta pra conseguir as coisas no meio de vcs?”. É gente achando que é simples, acreditando em mitos sobre a profissão, diminuindo e achando que trabalho sem amor da frutos. Não na minha profissão.
Esses dias me apresentaram como “Thaís, ela ta tentando ser atriz aqui em Sp”. TENTANDO? Senta aqui, meu amor que eu vou te contar toda a minha formação. Enfim… tudo isso é sobre superação. Pq o caminho da arte é cheio de superações. E essa é, exatamente, a graça. Meu parâmetro sou eu. Quero saber mais do que ontem e quero continuar sempre pq se parar, eu adoeço.
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