Por Reinaldo Soares*
A greve dos caminhoneiros vem expor o colapso que o Brasil vive. Pagamos dezenas de impostos em cascata e não recebemos os serviços básicos necessários.
Esta segunda-feira, completa oito dias da maior e mais impactante greve dos caminhoneiros no Brasil. Desde o processo de redemocratização, essa é a sexta paralização dos caminhoneiros, as anteriores ocorreram em 1986, 1999, 2012, 2013 e 2015.
A frota brasileira é formada por 1.088.358 veículos de empresas com caminhoneiros contratados, 553.643 são veículos de caminhoneiros autônomos e 22.865 são veículos de cooperativas de caminhoneiros, totalizando, mais de um milhão e seiscentos mil caminhões rodando diariamente neste país.
O Brasil é o país que tem a maior concentração rodoviária de transporte de cargas e passageiros entre as principais economias mundiais. A malha rodoviária é utilizada para o escoamento de 75% da produção no país, seguida da marítima (9,2%), da aérea (5,8%), da ferroviária (5,4%).
Esses dados revelam a dependência no Brasil do modal rodoviário, além disso, tornou-se alarmante. que em apenas quatro dias de paralização, o país foi desabastecido de norte a sul, afetando serviços essenciais e a rotina dos brasileiros.
Mesmo em curso, o que podemos aprender com esse movimento?
O Brasil é o país que possui os maiores e mais injustos impostos entre as maiores economias do mundo. Aqui, se paga pelo consumo e não pela renda, ou seja, quem menos ganha mais paga, aumentando a concentração de renda e desigualdade social.
A Petrobrás, vítima do maior esquema de corrupção do mundo, adotou uma política de flutuação dos preços dos combustíveis para recuperar os prejuízos provocados pelos políticos corruptos, com isso, vimos uma escalada de aumentos diários que beneficia apenas os investidores da Petrobrás.
Mesmo sendo autossuficientes em Petróleo, pagamos o combustível mais caro em todas as Américas. O mais absurdo, é que países como Peru, Paraguai, Uruguai e Bolívia, compram combustível da Petrobrás e vendem muito mais barato que o Brasil.
Por opção política visando atender aos interesses das montadoras, o Brasil financia rodovias em detrimentos de ferrovias. A malha ferroviária existente no Brasil foi construída no império por Dom Pedro II.
Os cartéis das distribuidoras e Postos de Gasolina são uma triste realidade do Capitalismo Brasileiro. As agências reguladoras, órgãos de defesa do consumidor e Ministério Público precisam atuar mais nesse seguimento. A livre concorrência subtende liberdade de preços, serviços e fornecedores. O que presenciamos são carteis que controlam os preços e ameaçam quem deseja flexibilizar esses preços.
O desabastecimento demonstra como estamos interligados, dependentes de uma macro estrutura que interfere no dia a dia de todos, do Oiapoque ao Chuí, de Ilhéus a Manaus;
Toda essa interligação e dependência, depende de decisões e ações políticas. Quem cria ou retira impostos são os parlamentares, portanto, precisamos está atentos em quem eleger para Deputados e Senadores, pois estes são os legisladores.
O Presidente da República, Governadores e Prefeitos são os responsáveis pela gestão deste país, 26 Estados, 5.570 Municípios e 213 milhões de brasileiros.
Não podemos considerar que bastar votar ou anular nosso voto, que é suficiente nossa participação. Nossa ação cidadã é construída no dia a dia. Denunciando, boicotando e fazendo o correto. O movimento dos caminhoneiros deve ser um despertar da nossa criticidade e reconhecimento de como os nossos governantes levaram nosso país, os estados e municípios ao colapso. Transformemos nosso Brasil, começando em nossas cidades!
* Reinaldo Soares é Mestre em Cultura e Turismo pela UESC/UFBA, Ex- Presidente do Conselho Municipal de Educação de Ilhéus- Diretor do IBEC, Palestrante, Professor da Pós-Graduação da FACSA/IBEC e do Colégio Estadual Professora Horizontina Conceição. E-mail: profreinaldosoares@hotmail.com
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