São Paulo – Nesta quarta-feira, 21, o governo abriu as inscrições para o programa Mais Médicos, que oferece 8.517 vagas em quase 3 mil municípios e 34 distritos indígenas.
O objetivo é preencher com urgência os cargos deixados pelos médicos cubanos em cidades de todo o Brasil, com o início das atividades previsto para o dia 3 de dezembro.
As inscrições podem ser realizadas até o dia 25 de novembro pelo site do programa, que apresenta instabilidade desde cedo, segundo denúncias feitas à Associação Médica Brasileira (AMB).
As vagas serão preenchidas de acordo com a ordem da inscrição, sem a realização de uma prova específica. O vice-presidente da AMB, o Doutor Diogo Leite Sampaio, vê com preocupação a falha no site de inscrição e critica o método de seleção para o programa.
“Entendo que é emergencial, mas nos preocupa a ampla quantidade de médicos que querem participar do programa e tentaram a inscrição desde manhã sem sucesso. O problema não é novo, temos denúncias desse tipo desde 2013”, comenta ele.
O programa aceita candidatos que tenham formação em Medicina em instituições de educação superior brasileiras ou com diploma revalidado no Brasil. Além disso, é necessário apresentar a habilitação para exercício na carreira em situação regular, mediante registro junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM).
Não é exigida uma especialização ou experiência com residência, o que reforça o perfil das vagas voltado para jovens médicos recém-formados.
O governo concede uma bolsa-formação com valor mensal de R$ 11.865 reais para o trabalho semanal de 32 horas de atividades nas unidades básicas de saúde e mais 8 horas de atividades acadêmicas.
Além disso, o Ministério da Saúde auxilia nas despesas com passagens para o médico cadastrado e dois dependentes legais para o município que irá atuar. Porém, esse custo não pode exceder o valor de três bolsas.
As vagas estão disponíveis nos localizações mais carentes de atendimento, em muitos casos são afastadas de grandes centros, de difícil acesso e com recursos limitados.
De acordo com o edital, os locais de atuação serão classificados em oito perfis, considerando os maiores percentuais de população em extrema pobreza, os mais baixos níveis de receita pública “per capita” e alta vulnerabilidade social dos habitantes e também as áreas de atuação de Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI).
As vagas não são tão competitivas para profissão, segundo o vice-presidente da AMB. Com o longo tempo de formação acadêmica e as altas mensalidades dos cursos particulares, muitos recém-formados saem da universidade endividados e buscam posições mais atrativas em termos de pacote de remuneração.
“Nos últimos oito anos, grande parte das vagas de medicina em escolas privadas foram financiadas pelo Fies. Agora, eles devem muito para o sistema de financiamento estudantil. Uma proposta que demos ao governo foi o desconto progressivo dessa dívida durante a permanência no Mais Médicos para garantir que a grande massa de jovens formados pudesse participar”, explica.
Os médicos recebem benefício previdenciário e podem usufruir de afastamentos por motivo de saúde pessoal. Em especial as médicas poderão tirar licença maternidade pelo período de 120 dias, a partir do oitavo mês de gestação, com direito a prorrogação por mais 60 dias.
Prazo curto
Desde a manhã de hoje, a Associação Médica Brasileira (AMB) tem recebido denúncias de muitos candidatos que tiveram problemas para acessar a página das inscrições e também para completar o processo de candidatura. Jornalista de EXAME também tentam desde cedo o acesso ao portal e, até a publicação da matéria, não tiveram sucesso.
Por isso, a AMB encaminhou um ofício para o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, pedindo a prorrogação das inscrições. O Ministério prevê que seja publicado um novo edital após o dia 25 para preencher as vagas remanescentes.
“A AMB vê com preocupação o fato, pois o prazo, que já é curto, agora fica menor. A AMB já encaminhou ofício para o Ministério da Saúde buscando esclarecer a situação e solicitando prorrogação do prazo em virtude da falha apresentada”, diz a nota da associação.
Segundo o Ministério da Saúde, o site para inscrições recebeu mais de 1 milhão de acessos simultâneos no momento de abertura do sistema e suspeita de um ataque cibernético, uma vez que o volume é o dobro do número de médicos em atuação no país.
Mesmo com a instabilidade, o sistema já registrou 3.336 inscrições nas primeiras três horas da abertura do processo.
Fonte: Exame
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