Se você vai ao banheiro para urinar mais de oito vezes em um dia ou acorda duas vezes ou mais à noite para esvaziar a bexiga poderá desenvolver em algum momento da vida a incontinência urinária, uma perda involuntária de líquido. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, mais de 10 milhões de brasileiros sofrem com incontinência urinária e não conseguem controlar quando vão ao banheiro.
“Mulheres, homens, crianças e idosos sofrem de incontinência urinária, um problema que pode ser prevenido e tratado com diferentes abordagens, desde medicamentos, cirurgias e também com um tratamento bem menos invasivo considerado como primeira opção desde que bem indicado: os exercícios de fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico”, afirma o urologista Rogério Matos Araújo.
Segundo a Sociedade Internacional de Incontinência (ICS), o fenômeno acomete tanto os homens como as mulheres; porém, é muito mais comum no sexo feminino e torna-se mais frequente com o envelhecimento. A perda urinária determina, além do constrangimento, uma piora significativa na qualidade de vida em razão de promover o isolamento social, restrição ao trabalho, ao lazer e alteração do humor.
“Infelizmente muitas pessoas ficam em silêncio e não procuram tratamento. Há um tabu porque a região pélvica é uma região íntima, mas que necessita de cuidados como qualquer outra região do corpo”, acrescenta o urologista.
Quais são os tipos de incontinência urinária
Incontinência urinária de esforço: é a perda de urina que ocorre ao tossir, espirrar, caminhar, correr, pular. Ocorre quando os músculos do assoalho pélvico (músculos que cobrem a cavidade inferior da bacia e sustentam os órgãos que estão no abdômen) são forçados durante esforço físico e se tornam enfraquecidos ou alongados demais. Isso leva a perdas urinárias em episódios, podendo ocorrer em gotas ou em grande quantidade. Não existem medicamentos para esse tipo de incontinência urinária e as recomendações de tratamento estão na fisioterapia e na cirurgia.
Incontinência urinária de urgência: é a perda de urina associada a um desejo súbito e urgente de urinar, que ocorre porque o indivíduo não consegue chegar ao banheiro a tempo. É o que ocorre na bexiga hiperativa, uma situação na qual o músculo detrusor (músculo que forma a bexiga urinária) se contrai involuntariamente mesmo se a bexiga não estiver cheia. Muitas vezes a pessoa tem que urinar com muita frequência e em algumas vezes a urina escapa antes de chegar à toalete. Essa condição pode ser tratada de diversas maneiras, incluindo medicamentos, estímulos elétricos com equipamentos de fisioterapia, uso de toxina botulínica e implantes de estimuladores elétricos nas raízes nervosas.
Incontinência urinária mista: algumas pessoas têm os dois tipos de incontinência urinária, ou tem sintomas que podem ser dos dois tipos e chamamos esta condição de incontinência mista. Algumas vezes são necessários exames mais específicos, chamados exames urodinâmicos, que ajudam a ter um diagnóstico preciso para escolher o melhor tratamento.
Incontinência urinária paradoxal: ocorre quando a bexiga está extremamente cheia e a perda urinária ocorre por uma espécie de transbordamento; o problema nesse caso é a incapacidade de esvaziamento da bexiga, mas o sintoma é a perda de urina. É o que ocorre em pessoas que perdem a sensibilidade da bexiga e não percebem que ela está cheia. Ou ainda em pessoas com obstrução crônica, como nos homens com crescimento da próstata. Nesse caso o tratamento consiste em melhorar o esvaziamento da bexiga.
“A doença, que acomete mais as mulheres, afeta cerca de metade da população feminina no mundo pelo menos uma vez na vida, com chances de repetição do quadro. A Sociedade Brasileira de Urologista estima que 50% das mulheres apresentam recorrência. Independente do sexo, se você acha que pode ter incontinência urinária, procure um urologista e faça uma consulta. A maioria dos casos tem solução que pode até ser muito simples”, conclui Araújo.
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