EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA SOCIAL: EM ILHÉUS, CONSTRUÇÃO DE FOSSA ASSÉPTICA PARA ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA
Por Anna Karenina MTB 4085/BA
A Associação Novo Céu de Cristãos Católicos (ANCCC) em parceria com a comunidade e a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), tem realizado ações educacionais para proteção do meio ambiente e promoção da qualidade de vida de pessoas carentes. Por meio de oficinas, palestras e demonstrações técnicas, a iniciativa mobiliza 35 mães dos alunos da Escola Vida, Dignidade e Futuro, do Iguape, em Ilhéus, para aprendizagem da construção de fossa asséptica, com aplicação de tecnologia social.
Com o projeto de Mestrado em Ciência da UESC, os voluntários da Novo Céu têm promovido a conscientização de mães e crianças a respeito da importância dos tratamentos de água e esgoto, com o objetivo de alcançar todos os moradores da comunidade local. A maioria dos canais de escoamento das residências desta localidade estão ligados diretamente ao mangue, com despejo dos dejetos diretamente no bioma, afetando, assim, o meio ambiente, a saúde e qualidade de vida das pessoas.
“As mães se envolveram tanto com a iniciativa, ao ponto de colocarem elas mesmas, a mão na massa, e se revezarem na construção da fossa asséptica”, destaca a Coordenadora Pedagógica da Escola, Letícia Barbosa, integrante da iniciativa por meio do seu projeto e grupo de estudo do mestrado em Ciência da UESC, há 4 anos.
De acordo com o Coordenador da ANCCC, José Simão Duarte, “ao criarmos essa fossa asséptica com valor muito acessível, algo em torno de duzentos e setenta reais, é possibilitado às pessoas promover a preservação do meio ambiente. Com cada um fazendo a sua parte, melhora o todo. O grande objetivo desse projeto é sair dos muros da escola e alcançar as pessoas de todo o entorno. Estamos disponíveis a ajudar com orientações e iniciação de como fazer essa fossa asséptica”. Simão destacou ainda que a Escola está aberta a receber profissionais e instituições com o objetivo e experiência de desenvolvimento de palestras para educação ambiental.
Segundo o Coordenador do projeto de extensão do mestrado em Ciência da UESC, Miguel Arcanjo, “destaco o empenho, colaboração e envolvimento das mães em se dedicarem a conhecer, na prática, esse processo”. O projeto é supervisionado pela professora doutora Simone Guele, do Departamento de Ciências Exatas, com a proposta de envolver a comunidade na aplicação prática da pesquisa para sanar a demanda identificada como mais urgente, que é o escoamento de esgotos diretamente no manguezal.
A formação de pequenos mutirões para a limpeza das ruas, obtenção de recipientes para depósito de lixo, tem acontecido para melhorar condição de higiene e promoção de saúde no bairro. Quem quiser ajudar, é só buscar os voluntários da Comunidade Novo Céu.
A Human Network do Brasil apoia o projeto da ANCCC, que tem como fundamento a educação.
Se você quer ajudar a Creche Novo Céu, entre em contato com o Coordenador José Simão (73) 98841-0990, 3639- 2827 ou 3639-3906. Seja um (a) novo (a) sócio (a). Conta Banco do Brasil da Associação Novo Céu Agência 3192-5, c/c 18565-5.
Como funciona a fossa asséptica – Uma fossa asséptica, como a utilizada pelos alunos do mestrado de Ciências da UESC no projeto social da Comunidade Novo Céu de Cristãos Católicos do Iguape, em Ilhéus, pode ser construída a um baixo custo, com um gasto de pequena monta estimado em duzentos e setenta reais. O processo de destinação do material orgânico que perpassa a fossa asséptica até a chegada ao mangue, funciona da seguinte maneira:
Os dejetos seguem pelo cano e desembocam no primeiro taque. Na primeira bombona, ocorre o processo de ação das bactérias aeróbicas em contato com oxigênio, alimentando-se dos dejetos, fazendo a reciclagem da matéria orgânica. Todo o material sólido fica retido na primeira bombona. A parte líquida, vai para a segunda bombona, onde acontece o processo da ação anaeróbica das bactérias. Elas vão agir sem o oxigênio, consumindo os detritos ali existentes. A terceira bombona receberá um líquido menos sujo, que não é tão agressivo ao meio ambiente, que seguirá por uma valeta composta por um filtro, feito de brita e areia, onde é concluído o processo biológico, desaguando o líquido filtrado para chegar ao manguezal.
A matéria sólida que fica retida na primeira bombona, vai entrar em decomposição, deteriorada pela ação das bactérias. Com uma residência habitada por 2 a 3 pessoas, a primeira bombona pode ser limpa em uma média de 2 a 3 anos com a retirada do material, que possuirá um nível de contaminação bem minimizado, por meio de uma empresa especializada em limpeza ou pela logística da própria Embasa, que levará o conteúdo para uma Estação de Tratamento.
“A ideia da tecnologia social é justamente essa: utilizar materiais de baixo custo, acessíveis à comunidade e que seja eficaz”, explica o coordenador Miguel Arcanjo.
O projeto disponibiliza todos os materiais de apoio e impresso como meio de suporte para as pessoas que querem aplicar essa tecnologia social em suas vidas.
Os benefícios alcançados com a boa execução e adesão do projeto são a interrupção da poluição, promovendo, assim a regeneração e preservação do bioma do manguezal, de modo a impactar positivamente na atividade dos marisqueiros, pescadores e qualidade de vida das pessoas, uma vez que estarão menos suscetíveis a doenças, bem como a promoção da capacidade de transformação social do lugar, com a ação coletiva de indivíduos bem posicionados em um mesmo propósito, promover vida e saúde.
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