Com cerca de 1.200 quilômetros de linha de costa, a maior extensão dentre os estados da federação, a Bahia abriga uma parte considerável da biodiversidade marinha brasileira. Com essa presença na chamada Zona Econômica Exclusiva (ZEE) Brasileira, é estratégico ter gente nossa pesquisando e gerando conhecimento sobre esses recursos naturais. O curso de Oceanologia da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) é ligado ao Centro de Formação em Ciências Ambientais e se propõe a estudar a área costeira plataforma da região, contribuindo para o debate e a adoção de soluções sustentáveis para os desafios da gestão dessa riqueza oceânica.
Com um quadro docente formado por jovens mestres e doutores experientes nas diversas áreas da ciência oceanológica e passagens por instituições de ensino superior brasileiras e estrangeiras, o curso da UFSB conta ainda com outro trunfo: a costa do Sul da Bahia. São cerca de 850 km de extensão litorânea sem a cobertura da formação de profissionais em Ciências do Mar. Esse espaço abrange os municípios de Cairu, Camamu, Igrapiúna, Ituberá, Maraú, Nilo Peçanha, Taperoá, Valença, Belmonte, Canavieiras, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Santa Luzia, Una, Uruçuca, Alcobaça, Caravelas, Mucuri, Nova Viçosa, Porto Seguro, Prado e Santa Cruz Cabrália.
O egresso desse curso terá sua formação voltada para o conhecimento e a previsão do comportamento dos oceanos e ambientes transicionais sob os aspectos físicos, químicos, geológicos e biológicos. Esse preparo deve permitir ao oceanólogo o papel de transformador do mercado por meio de novas tecnologias e da solução de problemas na área, bem como em termos de uso e exploração racional de recursos marinhos e costeiros renováveis e não-renováveis. A proposta é desenvolver nos futuros profissionais a visão crítica e criativa e a atuação empreendedora frente às demandas da sociedade.
Ingresso e vagas
A entrada anual é de 40 vagas, por meio de processo seletivo interno do qual podem participar os concluintes de cursos de primeiro ciclo da UFSB. O percurso acadêmico indicado no Projeto Pedagógico do Curso (PPC, consulte aqui) contempla a Grande Área de Ciências e a Área de Concentração em Tecnociências como critério de maior peso na avaliação. Por isso, os cursos de Bacharelado Interdisciplinar (BI) em Ciências e a Licenciatura Interdisciplinar (LI) em Ciências da Natureza e suas Tecnologias são os cursos mais indicados.
A conclusão do curso se dá em dois anos, ou seis quadrimestres. Assim, considerando a duração de três anos de um curso de primeiro ciclo da UFSB, se tem o período total de cinco anos de estudo, e dois diplomas de graduação plena, pois é possível estudar componentes curriculares (disciplinas) do curso de primeiro ciclo que se relacionam com a matriz do curso de Oceanologia.
Os atuais recursos pedagógicos e de infraestrutura do curso são a biblioteca, com títulos de Oceanografia, Geologia, Biologia, Química, Física, Matemática e títulos da área de Meio Ambiente; acesso ao portal de Periódicos da CAPES; laboratórios multiusuários, que estão em fase final de construção. O curso poderá também contar eventualmente com laboratórios do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Baiano (IFBA) de Porto Seguro, instituição com a qual a UFSB mantém convênio de compartilhamento de infraestrutura para abertura e funcionamento do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias Ambientais (PPGCTA).
O oceanólogo
A Oceanologia é a ciência do estudo dos mares e oceanos do planeta a partir de um ponto de vista multidisciplinar: biológicos, químicos, físicos e geológicos. Essas interfaces entre ramos de saber servem para compreender as ligações existentes entre as dinâmicas dos ecossistemas marinhos, os parâmetros físico-químicos dos oceanos e a constituição e os processos geológicos da Terra.
Dado o histórico de dependência humana em relação aos oceanos, tanto para o desenvolvimento social e econômico quanto para os conflitos bélicos, a Oceanologia presta um serviço fundamental para o entendimento e o aperfeiçoamento da gestão de recursos naturais, da previsão e mitigação de catástrofes, uso do território, pesquisa e exploração de fontes de energia, para citar os principais
A atuação profissional do oceanólogo está regulamentada na Lei Federal nº 11.760/2008. As atividades possíveis incluem:
- Atuar em levantamento, processamento e interpretação das condições físicas, químicas, biológicas e geológicas dos meios marinhos e costeiros; suas interações e previsões dos comportamentos desses parâmetros e dos fenômenos a eles relacionados;
- Atuar em empresas de consultoria; empresas especializadas no controle de efluentes e da poluição ambiental; saneamento e abastecimento de água; empresas de prospecção sísmica, exploração e produção de petróleo e gás; órgãos públicos (federais, estaduais e municipais) dedicados ao meio ambiente, à aquicultura e à pesca; universidades (públicas e privadas); instituições de pesquisa e fiscalização ambiental; setores de segurança e meio ambiente de indústrias químicas e outros; empresas privadas e cooperativas de produtores de recursos vivos marinhos e de água doce; empresas de engenharia;
- Desenvolvimento e aplicação de métodos, processos e técnicas de exploração, explotação, beneficiamento e inspeção dos recursos naturais dos meios marinhos e costeiros;
- Desenvolvimento e aplicação de métodos, processos e técnicas de preservação, conservação e monitoramento dos meios marinhos e costeiros;
- Desenvolvimento e aplicação de métodos e técnicas direcionados para obras, instalações, estruturas e quaisquer outros empreendimentos nos meios marinhos e costeiros;
- Realização de perícias, emissão e assinatura de laudos técnicos e pareceres, desenvolvimento e aplicação de métodos e técnicas de gestão dos ambientes marinhos e costeiros.
Com essas atribuições, o profissional pode atuar em órgãos públicos ligados ao Meio Ambiente; empresas que exploram e administram recursos naturais renováveis ou não-renováveis; no chamado terceiro setor, em ONGs, OSCIPs e fundações; e como profissional liberal. No setor público, conforme o PPC do curso, as carreiras possíveis incluem os técnicos de nível superior nas Instituições Federais de Ensino Superior, IBAMA, DNIT e institutos estaduais de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, dentre outros cargos.
A profissão ainda não conta com um conselho federal. O piso salarial médio de um oceanólogo recém-formado está na faixa de cinco a sete salários-mínimos.
Foto: Caio Rangel
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