A Organização Mundial da Saúde, juntamente com a Unicef, divulgou novas orientações para uso de máscaras no caso de crianças e adolescentes. A principal mudança é relativa a crianças de 5 anos ou menos, para quem, segundo o documento mais recente – lançado em 21 de agosto – não é mais recomendada a obrigatoriedade do o uso do acessório.
Antes da nova recomendação, indicava-se o uso de máscara a partir de 2 anos (se o desenvolvimento neuropsicomotor da criança permitisse) em creches e escolas ou em qualquer lugar em que a criança não conseguisse praticar o distanciamento social de aproximadamente 2 metros. Vale lembrar que, apesar do novo documento da OMS, essa ainda é a recomendação oficial da Sociedade Brasileira de Pediatria, diante do ritmo de contágio que segue alto no Brasil.
No novo texto, especialistas explicam que considerando o que se sabe até agora sobre a transmissibilidade do novo coronavírus pelas crianças e sobre o uso de máscaras entre elas, não há evidências de que o acessório seja mais vantajoso do que prejudicial nesta idade, especialmente se o uso for feito sem supervisão de um adulto.
De acordo com o documento, a recomendação se baseia no desenvolvimento do ser humano até esta idade, em termos de destreza e capacidade motora necessários para o uso; também considera o fato de que a utilização do acessório depende de o indivíduo aceitar colocá-lo e mantê-lo (e da forma correta) e exige autonomia que não é possível se esperar de crianças da faixa etária sem acompanhamento de um responsável.
“As queixas mais frequentes das crianças giram em torno do desconforto: calor, irritação, sensação de dificuldade para respirar, distração”, explica a pediatra Brenda Godoi. Outro fator importante, segundo a médica, é o potencial impacto no desenvolvimento psicossocial. “A máscara dificulta a comunicação da criança, num período em que ela ainda está se desenvolvendo”, diz. Contudo, Godoi explica que essas queixas podem ser contornadas ou amenizadas pela presença de um adulto que oriente a criança, caso seja necessário utilizá-la.
Segundo a pediatra, uma dúvida comum dos pais, que diz respeito ao impacto do uso de máscara nas crianças durante atividade física, ainda não foi elucidada cientificamente. “O que temos são extrapolações de estudos com adultos”, afirma.
O documento da OMS e Unicef explica que, até os cinco, deve-se priorizar outras medidas, como o distanciamento social e higiene constante e correta das mãos – além da limitação do número de alunos nas salas de aula. No entanto, cabe aos responsáveis avaliar outros fatores que podem determinar a necessidade do uso da máscara pontualmente, como a presença de pessoas vulneráveis à Covid-19 no ambiente.
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