O famoso ditado popular “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, é tão conhecido quanto praticado. Definida como o ato de fingir crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui, a hipocrisia faz com que frequentemente o indivíduo exija que os outros se comportem dentro de certos parâmetros de conduta moral que a própria pessoa não exerce.
Segundo o escritor, poeta e filósofo Fabiano de Abreu, o ato hipócrita pode vir de um conhecimento do que tem que ser feito ou do que é certo, mas não se traduz na prática e nem sempre esse ato é por maldade. “Sabemos o que é certo e o que é errado e, cognitivamente, o que é necessário para atingir algo almejado. Por isso, só determinamos hipócrita aquele que fala o que tem que ser feito, mas não faz”, aponta.
O indivíduo sabe o caminho, mas não o segue por questões de bloqueio psicológico, falta de tentativa ou por simplesmente não querer. “O hipócrita pode ser uma pessoa que precisa de ajuda psiquiátrica para buscar a solução para o que ele sabe ser certo e não consegue fazer”, diz o filósofo.
Mas a questão vai além, pois flerta com a definição de certo ou errado que nem sempre é unânime. Fabiano de Abreu exemplifica que o maior problema da dicotomia entre as regras de conduta é que elas levam ao medo da rejeição da massa. “O certo pode prejudicar a alguns e ajudar a maioria mas, quem quer prejudicar a qualquer um? O certo pode afetar a um e ajudar um todo. Mas quem quer prejudicar a um?” Questiona.
A guerra é um bom exemplo da questão, pois ao colocar a Segunda Guerra Mundial em análise é possível inferir que muitos evitaram combater a Alemanha de Hitler para evitar a morte de alguns. Mas, ao protelar a guerra, deixaram que morressem milhões. “Queremos a paz, mas para ter paz pode ser necessário fazer a guerra. Ou seja, o correto agora pode não ser o correto depois, ou o correto para o depois pode ser o que parece ser errado agora”, analisa o escritor.
Comentários
Sem Comentários