Moradores e voluntários já iniciaram as primeiras ações para a revitalização da área verde do Jardim Atlântico I, em Ilhéus, parcialmente devastada no final do ano passado. Além do reflorestamento por meio do plantio de árvores nativas na área atingida, um croqui foi desenvolvido com a projeção de espaços que compreendem três grandes bosques, pista de caminhada, pergolados, bancos, estacionamentos, espaço para prática esportiva, parquinho e área coberta para o multiuso e convivência coletiva.
Desenhado pelo mestre em arquitetura urbanística de São Paulo, Michel Chauí, o croqui também contou com a colaboração de arquitetos locais como Ricardo Becker, Lolô Mendonça e Taty Bonfim. Pequenas alterações ainda podem acontecer, mas a ideia já está disponível para ser apresentada publicamente como um exemplo de sustentabilidade, desenvolvido pela iniciativa popular e sociedade civil organizada.
Já o plantio de mudas de árvores nativas doadas pela CEPLAC, UESC, Instituto Floresta Viva e BioFábrica, tem data marcada para acontecer no sábado do dia 7 de abril de 2018, sob a execução da paisagista e agrônoma Rosane Botelho e a paisagista Helena Machado, que contarão com o apoio da bióloga Karine Souza na disposição das mudas plantadas, respeitando a concorrência entre as espécies e o paisagismo.
O objetivo da iniciativa é a revitalização da área verde, além da implantação de um modelo piloto de praça sustentável para servir de exemplo em projetos de Educação Ambiental.
Entenda a devastação – Objeto de disputa pelo poder público para a construção de um novo Fórum para Ilhéus, a área verde total do terreno, que abrange 12.720 metros quadrados, teve suprimida vegetação de restinga, do Bioma Mata Atlântica, de acordo com o Doutor em Biologia Vegetal (Botânica), Eduardo Gross. Isso prejudicou todo um ecossistema ecologicamente equilibrado que havia no local.
De acordo com a moradora Rosane Lindote Botelho, “quando o pessoal da Prefeitura apareceu com funcionários e tratores, a princípio achei que era para limpeza de lixo que estava na beira do asfalto”. A moradora Helena Maria de Souza Machado afirma que no final de novembro chegaram retroescavadeiras, caçambas e motosserra na área verde do Jardim Atlântico I, e começaram a devastar e derrubar árvores, retirando as plantas nativas. “Após derrubar a primeira árvore, logo chegou um senhor com uma motosserra e começou a cortar a árvore em partes”, disse.
Foram suprimidas “árvores de grande porte, algumas nativas, como Samanea saman, e também a vegetação arbustiva e herbácea, inclusive elementos/espécies características da região de restinga”, explicou Gross. Nem o solo do local foi poupado, em que teve sua vasta e rica cobertura orgânica e de nutrientes retirada e reposta por areia, que possui “baixa matéria orgânica, utilizada para nivelamento do local”, afirmou o doutor em botânica. 80 a 100 caçambas de terra da área verde foram retiradas, segundo o morador João Heck Neto.
A perda de animais terrestres, como o marsupial saruê, de saguis, de répteis, importantes para a redução de insetos nocivos e partes de uma teia alimentar, também é apontada pelo doutor Gross.
Atualmente, o poder executivo de Ilhéus tenta aprovar, em caráter de urgência, um projeto de lei tombado sob o nº 004/2018 junto à Câmara de Vereadores, com a finalidade de doar a área verde do Loteamento Jardim Atlântico I para o Tribunal de Justiça da Bahia construir um novo Fórum. Os moradores já estão tomando a medidas judiciais cabíveis, tendo em vista que a praça é uma área verde do loteamento e a legislação proíbe a desafetação.
Veja em anexo o projeto esboçado pelos moradores do Jardim Atlântico I e voluntários.
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