O presidente Jair Bolsonaro ironizou nesta segunda-feira, 25, manifestações que cobraram a abertura de um processo de impeachment contra ele nos últimos dias. Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, o chefe do Planalto citou uma carreata em Campo Grande (MS). “Eu vi uma carreata monstro, de uns 10 carros, contra mim”, disse Bolsonaro quando um apoiador se identificou como morador da capital mato-grossense.

Neste domingo, 24, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, que organizaram atos durante o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, protestaram contra Bolsonaro. Em São Paulo, segundo os organizadores, cerca de 500 carros participaram da manifestação. A Polícia Militar não fez estimativa.

Outros atos foram realizados em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro, em Belém, Cuiabá, Brasília e Florianópolis. Para o MBL, Bolsonaro “foi um dos maiores estelionatos eleitorais da história”. No sábado, 23, também houve carreatas e atos de partidos de esquerda contra o presidente. Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma das coordenadoras dos atos, foram registrados protestos em 87 cidades do País, incluindo as maiores capitais.

Atualmente, há 56 pedidos de impeachment de Bolsonaro pendentes de análise na Câmara. Dois deles foram apresentados neste mês e ao menos mais um deve ser protocolado na próxima terça-feira, por partidos de oposição.

A decisão de apresentar uma nova denúncia por crime de responsabilidade foi anunciada na quarta-feira, 20. O pedido é assinado por PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB e Rede. O argumento usado é a questão sanitária, “na omissão e na responsabilidade do governo Bolsonaro na pandemia”.

Novo partido

Na conversa com apoiadores, Bolsonaro também afirmou que deve se filiar a um novo partido político em março. Após não conseguir tirar o Aliança pelo Brasil do papel, o chefe do Planalto passou a negociar o ingresso em outra legenda para tentar a reeleição, em 2022, e também levar aliados à nova sigla.

“Em março eu decido; ou decola o partido (Aliança) ou vou ter que arranjar outro”, disse o presidente ao ser questionado por apoiadores no Palácio da Alvorada. “Se não decolar, a gente vai ter que ter outro partido, se não, não temos como nos preparar para as eleições de 2022.”

Lançado em novembro de 2019, o Aliança reúne, até agora, apenas 57 mil assinaturas validadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que representa pouco mais de 10% das 492 mil necessárias. Naquele ano, Bolsonaro saiu do PSL após uma disputa pelo controle do caixa e de diretórios do partido pelo qual se elegeu presidente. Parlamentares da legenda se dividiram entre o presidente da República e o presidente nacional da legenda, deputado Luciano Bivar (PE). No ano passado, Bolsonaro passou a oferecer cargos e verbas federais a partidos do Centrão em troca de apoio no Congresso.

Sem partido, Bolsonaro é assediado pelo Centrão para uma filiação. Os convites vieram de integrantes do Progressistas, PL, PTB, Patriota e Republicanos. Seus filhos Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro migraram para o Republicanos, partido ligado à Igreja Universal. O presidente da República não disse em qual partido pretende se filiar agora.

Na última quarta-feira, 20, Bolsonaro recebeu o senador Jorginho Mello (PL-SC), vice-líder do governo no Congresso para uma conversa sobre filiação. Conforme o Broadcast Político revelou, a bancada da legenda no Congresso preparou uma carta oficializando o convite. Atualmente, o PL tem 43 deputados federais e três senadores.

Apoiadores do presidente tentaram recolher as assinaturas necessárias à criação do Aliança para as eleições municipais, sem sucesso. A mobilização foi feita em praças e em igrejas evangélicas. Na conversa com apoiadores, Bolsonaro admitiu a dificuldade para cumprir os critérios.

“Muita burocracia, é muito trabalho, certificação de fichas, o tempo está meio exíguo”, disse o presidente. “Não é por mim, eu não estou fazendo campanha para 2022, mas o pessoal quer disputar e queria estar em um partido que tivesse simpatia minha.”

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